Se você chegou aqui, é um curioso! Já te parabenizo por isso! Ser criativo é isso: saber explorar novos caminhos, estando atento. É ir coletando e agrupando novas dúvidas, palavras, sentimentos. Mas continua aqui que vou fazer mais associações!
Criatividade é um grande constructo que foi sendo estudado e construído ao longo do tempo - e ainda está em construção. A Psicologia estuda a fundo esse fenômeno. Das muitas explicações, temos os estudos sobre desenvolvimento humano, comportamento, cognição e, principalmente, estudos sobre como grupos e sociedades representam e recriam essa noção. Desses pensadores, Walter Benjamin genialmente refletiu sobre como “as semelhanças irrompem o fluxo das coisas, transitoriamente, para desaparecerem em seguida.”* O que ele quis dizer com isso? Que a percepção dessa noção de magia é consequência da plasticidade da associação entre coisas que as crianças fazem ao brincar. Então criatividade é um modo de existir. É o desejo de saber mais. O desejo de ter um propósito e estar aberto a esse sentimento. É perceber a magia no mundo. A criança, segundo Benjamin, se decepciona muito ao perceber que os adultos são incapazes de feitos incríveis e mágicos. Lidamos com isso cotidianamente. A vida adulta nos apresenta desafios reais e faz com que nossas associações fiquem mais comuns e diretas (o que facilita, agiliza e torna nossas vidas mais 'produtivas').
Estudos recentes sobre cognição, associação de ideias e memórias indicam que uma pessoa criativa mistura associações livres com associações incomuns (estas com objetivo) de palavras. Ok, mas como isso é feito? Ou melhor: como temos feito isso?
Ter mais foco e clareza mental parece ser um grande problema atual. Penso muito nos impactos que as novas tecnologias afetam as formas como nos relacionamos e buscamos conhecimento. Já parou pra pensar nisso? Estudos recentes mostram que jovens estão fazendo buscas pelo Tiktok, ao invés do Google. Analisando isso percebemos que as pessoas: 1) querem algo rápido; 2) querem conexão humana e sensível; 3) querem entretenimento. Por enquanto vou só deixar em destaque essas observações. Não acho que são problemas em si, mas estamos todos aprendendo a lidar com isso. Se você tem alguma ideia de como lidar com isso, escreva aqui nos comentários!
O Fora da Caixa é um personagem que foi sendo criado, junto com Silvana Leal, enquanto pensávamos as atividades do Laboratório Criativo: Personagem na Paisagem. Eu surjo dessa necessidade de investigar ideias diferentes e ousadas, ao mesmo tempo que me recrio e me exponho. Alguém aí se identifica com isso? A Silvana, da qual já falei um pouco nesse post do blog, é escritora de um conto incrível e denso que ganhou vida por si só enquanto personagem, performances e até método de criação e de vida: o Molusco Habitante. O Molusco se recria em meio a sensações e formas de ver o mundo. Ele habita seu fluxo de consciência e de viagem pelo mundo. Mais do que isso: ele se transforma enquanto ser e habita as coisas e acontecimentos. Em um trecho desse conto, no livro Erotismo Proibido nos Lábios, há uma frase importante sobre esse movimento de estar constantemente se expressando:
"O refúgio e a ilusão são como estátuas, belas por sua monumentalidade, mas vazias por seu movimento."**
- Silvana Leal
Encurtando a discussão, eu considero que o verdadeiro brilho vem do encanto por uma obra ou discussão. Trouxe essa imagem do filme "Metrópolis" no íncio do post para falar de algo que parece mágico e inovador ultimamente: a inteligência artificial. Criadores de conteúdo digital (seja de marketing, artístico ou informativo) já devem ter visto as diversas ferramentas de produzir algo automático e que, geralmente, vem acompanhada do ícone de pequenos brilhos ou varinha mágica. Esse debate me anima muito. O brilho disso vem do choque geracional. Como nós, jovens humanos, estamos lidando com essas questões criativas? Que personagens e inteligências podem vir de nossas criações? E a que custo?
No meio de tanta automação e tentativas de produzir ferramentas que facilitem a produção de conteúdo e produtos, a criação humana precisa ser valorizada. Como fazemos isso? Falando por mim: uma das formas que exercito isso é falando sobre o que gosto, investigando a vida, obra e personagens de autores. Evidenciando o que nos inspira e sendo gratos pelos ensinamentos e reflexões. Criando conexões. Esteja você tímido em seu refúgio ou com esperança de dias melhores e mais criativos, lembre-se que você recria sua história cotidianamente. Reconheça seus medos, nomeie-os e experimente novas habilidades. É com intenção que criatividade se torna uma habilidade mais forte e viva.
Mais do que buscar uma explicação única para o que é criatividade, temos o dever ético e humano de ir construindo ferramentas que sejam gentis, acolhedoras, acessíveis e não menos inventivas, múltiplas e interessantes. Somos sim capturados pela lógica de produzir diversas coisas instantâneas e mágicas, mas o brilho que comentei agora a pouco é aquele momento que temos ao admirar uma criação que nos faz perceber que viver uma vida mágica é possível. Para viver isso é preciso estar aberto a conexões e, mais do que nunca, acreditar no poder transformador da arte.
O Ateliê Casa das Ideias acaba de lançar o primeiro Laboratório Criativo: “Desbloqueio Criativo - Lab: Personagem na Paisagem” que acontecerá durante o segundo semestre de 2024. Vou estar junto coordenando e tirando ideias da caixa! O Lab Personagem na Paisagem é uma jornada de autoconhecimento rumo ao encontro da sua Personalidade Ousada. Um mergulho na criação de personagens inusitados que vai te ajudar a descobrir o seu Elemento Ousado. Será uma mentoria em grupo que conta com a orientação criativa da Silvana Leal. Clique no link abaixo e assista a aula Como encontrar sua personalidade ousada! Nesta aula Silvana Leal explica com detalhes como você pode participar desta primeira turma ganhando surpresas incríveis que está sendo oferecida somente aos 25 primeiros alunos! Então corre lá agora mesmo e não perca esta oportunidade!
* Walter Benjamin em "Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura". Texto: A doutrina das semelhanças. 1987.
** Silvana Leal em Molusco Habitante no livro "Erotismo Proibido nos Lábios - em palavras". 2001. Erotismo Proibido nos Lábios | ateliecasadasideias
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